MOVIMENTO SOCIAL PARA MUDAR A CULTURA DE CUIDADOS

MOVIMENTO SOCIAL PARA MUDAR A CULTURA DE CUIDADOS

As Obras Sociais de Viseu e a Fundación Cuidados Dignos estabeleceram um protocolo de cooperação e estão a trabalhar num Movimento Social Para Mudar a Cultura de Cuidados: “CUIDAR SEM AMARRAS”

As duas entidades organizaram o segundo evento conjunto, a Conferência “Cuidado Digno: Caminho Para a Longevidade Feliz”, que contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais: André Rodrigues (Associação dos Médicos das Pessoas Idosas Institucionalizadas); Ana Urrutia (Fndación Cuidados Dignos); Carme Arnó (Residencia Santa Tecla Llevant); Filipa Gomes (Alzheimer Portugal); Patrícia Paquete (Humanamente  @Demwell); Natércia Gomes (Profissional de Cuidados no Reino Unido); Emília Vergueiro (Centro de Apoio a Pessoas com Alzheimer e outras Demências).

José Carreira, Presidente das Obras Sociais de Viseu, alerta:

Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais população idosa, representando, em 2021, 23,4%; em 2050, esse valor aumentará para um terço da população (33,7%), segundo a OCDE (2023). Em países como Portugal, Grécia, Itália, Coreia do Norte e Japão, pelo menos uma em cada oito pessoas terá mais de 80 anos até 2050 (OCDE, 2023). Estamos na presença de uma conquista fabulosa da humanidade que devemos celebrar, não deixando de considerar os desafios intergeracionais que advêm desta realidade demográfica, bem como a maior necessidade de cuidados. Importa analisar o decréscimo dos indicadores referentes à esperança de vida com saúde, tendo-se registado em 2012, 63,9 anos e em 2021 58,3 anos (Eurostat, 2023)

Destacamos as 10 ideias-chave apresentadas durante a conferência:

  • É urgente e imperioso mudar a cultura de cuidados vigente.
  • Os trabalhadores de cuidados diretos recebem pouca ou nenhuma formação, os benefícios laborais estão desadequados, os salários são baixos e há uma elevada rotatividade.
  • É fulcral tornar os cuidados visíveis, dar voz aos representantes de quem cuida e de quem recebe apoio e aumentar o valor social e económico dos cuidados.
  • Os cuidados devem ser: compassivos, eficazes e seguros.
  • É preciso mudar o olhar, ver a pessoa – pessoalizar o cuidado – deixar de estar centrado no serviço e passar a estar centrado na pessoa.
  • Contenções físicas e farmacológicas:
  • O objetivo não passa por controlar as contenções, nem por geri-las, o objetivo é eliminar as contenções.
  • Não temos que convencer as famílias da importância da eliminação das contenções. Temos que explicar o nosso trabalho que deve respeitar os direitos humanos e a dignidade de cada pessoa cuidada.
  • Devemos substituir o conceito de cuidador pelo de “Parceiro de Cuidados”.
  • É necessário estimular a presença dos familiares junto das pessoas institucionalizadas. Devemos caminhar para modelos que permitam a visita, por exemplo nas Estruturas Residenciais Para as Pessoas Idosas, em qualquer momento do dia e não em determinados momentos restritos e castradores do potencial de contacto.
  • Há uma enorme carência de formação dos médicos em geriatria.
  • Impõem-se uma ética centrada no cuidar.

“Há uma necessidade crescente de serviços profissionalizados na prestação de cuidados, aos quais se torna difícil dar uma respostas em qualidade e em quantidade. Vivemos, na Europa, Portugal não é exceção, uma crise de cuidados, devido à escassez de cuidadoras/cuidadores informais que resultam na delegação do cuidado. A externalização do trabalho do cuidado alimenta as cadeias globais de cuidados, sendo as necessidades respondidas por migrantes. Temos que reequacionar o atual modelo de cuidados, promovendo seu valor social e económico e garantindo direitos. Não podemos continuar a alimentar o «cuidatoriado”. Para dar resposta aos desafios, precisamos de articular as políticas públicas e alinhá-las com a Estratégia Europeia de Cuidados que incentiva os países membros da UE a investir mais em cuidados, criar novos empregos, e a melhorar a qualidade e acessibilidade dos cuidados de longa duração.”

Pode acompanhar todo o trabalho que está a ser desenvolvido e estar a par de todos os eventos que realizamos nesta temática, na página de Facebook: Cuidar Sem Amarras.

 

É PRECISO MUDAR O OLHAR, VER A PESSOA – PESSOALIZAR O CUIDADO – DEIXAR DE ESTAR CENTRADO NO SERVIÇO E PASSAR A ESTAR CENTRADO NA PESSOA.



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