É possível viver sem contenções físicas ou farmacológicas

É possível viver sem contenções físicas ou farmacológicas

O artigo que se segue foi escrito por José Carreira, Presidente das Obras Sociais de Viseu, em agosto de 2019. Quase cinco anos volvidos, estamos mais perto de reunir as condições para dar início ao trabalho urgente e imperativo no âmbito dos #cuidados.

Teremos, brevemente, novidades que poderão ser também acompanhadas no site do Centro de Apoio a Pessoas com Alzheimer e outras Demências (CAPAD), no Instagram e no Facebook.

É possível viver sem contenções físicas ou farmacológicas

Em Portugal, existe um uso excessivo e inadequado de contenções, tanto físicas como farmacológicas, em pessoas idosas dependentes e, sobretudo, com doença de Alzheimer e outras demências. As pessoas submetidas a estas contenções confrontam-se com a acelerada perda de autonomia, dignidade e autoestima.

Nesta perspectiva, eliminar, ou reduzir ao mínimo, a utilização de contenções deve ser uma prioridade para os profissionais de saúde e do setor social. Esta ideia ganha ainda mais força quando existem, por exemplo na vizinha Espanha, exemplos de que há medidas alternativas válidas e seguras que provam ser possível viver sem contenções. Dois excelentes exemplos do trabalho que podemos e devemos fazer, no nosso país, são o programa Desatar al anciano y al enfermo de Alzheimer da Confederación Española de Organizaciones de Mayores (CEOMA) e a Norma Libera-Care da Fundación Cuidados Dignos com quem tenho vindo a trabalhar no último ano.

É imperativo que se comece a intervir para a redução, com o objetivo charneira de eliminação, das contenções nas instituições sociais e de saúde. A aposta das organizações em novos modelos de cuidados e de gestão, a implicação e formação dos profissionais e o envolvimento das famílias são determinantes para que cuidemos das pessoas com demência sem contenções, preservado a sua humanidade, capacidade de decisão e dignidade.

Tenho o privilégio de trabalhar e apender com uma profissional de grande qualidade, a Médica Geriatra Ana Urrutia, Presidente da Fundación Cuidados Dignos e autora do livro “Cuidar. Una revolución en el cuidado de las personas” (Editorial Ariel) que me despertou o interesse por esta problemática tão presente quanto invisível na nossa comunidade.

Como gosto de passar das palavras aos atos, estou a trabalhar com o objetivo de organizar, se possível ainda em 2019, uma jornada de reflexão que coloque na agenda mediática a necessidade de mudança de paradigma e contribua para consciencializar a sociedade para a necessidade de enquadrar o respeito pelos direitos humanos e a dignidade como pilares fundamentais na prestação de cuidados.

8/2019

José Carreira



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