20 Set NUNCA É DEMASIADO CEDO NEM DEMASIADO TARDE PARA PREVENIR OU RETARDAR O AVANÇO DA DEMÊNCIA, ALERTA RELATÓRIO DA ALZHEIMER´S DISEASE INTERNATIONAL
Na data em que se assinala o Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de setembro), a ADI – Alzheimer´s Disease International divulga um relatório em que mostra que se está sempre a tempo de prevenir ou reduzir os riscos de demência.
“Reduzir o risco de demência: nunca é demasiado cedo nem demasiado tarde” é o título deste Relatório mundial Alzheimer 2023 que sublinha que se trata de “uma prática e não, teoria”. Foi elaborado com base nas reflexões de 90 investigadores, profissionais de saúde, decisores políticos, doentes de Alzheimer ou com algum tipo de demência e cuidadores.
O objetivo é ajudar os leitores a compreender os riscos e como os prevenir ou evitar. Mas é também um desafio aos governos locais e nacionais para abordarem o problema das demências de forma efetiva e concreta.
É que apesar da grande quantidade de artigos e notícias publicados sobre como evitar a Doença de Alzheimer ou outras demências, os conselhos são frequentemente pouco claros e não ajudam as pessoas a fazer as melhores opções.
Só este ano já foram publicados cerca de 50 mil artigos em todo o mundo, nomeadamente sobre a relação da demência com a dieta alimentar. “Todos os dias se publicam cerca de 200 artigos ou noticias sobre dietas contra a demência, que mencionam investigações sobre qualquer coisa, dos mirtilos ao champanhe. Mas a informação exige mais dados. Quantos mirtilos, durante quanto tempo e quando começar? O álcool, em geral, é mau para a saúde cerebral ou um consumo moderado traz benefícios que superam os efeitos negativos?” São alguns exemplos referidos por Paola Barbarino, diretora-geral da ADI, na apresentação do documento.
A demência é muito associada ao envelhecimento mas os estudos mostram que não é determinante, tanto mais que cresce o número de casos de alzheimer entre pessoas cada vez mais novas.
Há três anos o Relatório da revista científica The Lancet elencou uma lista de 12 fatores de risco modificáveis. Se forem tidos em conta, o número de casos de demência poderá reduzir-se em quase 40%, para 55,6 milhões até 2050.
E nunca é demais recordá-los para os evitar, na medida do possível: o baixo nível educacional, a perda auditiva, a obesidade e hipertensão, a depressão, diabetes, o consumo de álcool e tabaco, a poluição ambiental, as quedas que atingem a cabeça, a pouca atividade fosca e o isolamento social.
Muitos destes fatores modificáveis dependem da vontade e dos comportamentos pessoais; outros, não. Por isso Paola Barbarino desafia os decisores políticos locais, nacionais e até internacionais a providenciarem um ambiente mais saudável a vários níveis e condições para que os cidadãos também possam responsabilizar-se pela sua parte nos comportamentos que contribuam para um estilo de vida mais saudável, que previna ou retarde a progressão das demências.
Os riscos devem ser prevenidos e evitados não apenas antes, mas também após um diagnóstico de demência. É uma forma de atrasar o avanço da doença que se traduz na perda crescente de capacidades cognitivas e físicas, envolvendo – em muitos casos – a dependência total dos doentes.
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde – em 2019 existiam cerca de 55 milhões de pessoas com algum tipo de demência, em todo o mundo. Mas em 2050 esse número poderá mais do que duplicar, para 139 milhões. Também os gastos globais associados às demências deverão crescer exponencialmente e já em 2030 atingir os 2.800 mil milhões de dólares.
José Carreira, presidente das Obras Sociais de Viseu, organização portuguesa que integra o grupo de 105 federações nacionais da Alzheimer´s Disease International afirma que têm sido realizadas diversas iniciativas junto da comunidade no âmbito deste Mês Mundial da Doença de Alzheimer.
“Realizámos caminhadas, em conjunto com o Instituto de Ação Social das Forças Armadas e com a Unidade de Cuidados à Comunidade. Tendo por base a atividade física e o espírito de grupo, organizámos sessões de informação e sensibilização nas quais se dão a conhecer os 10 sinais de alerta e os 12 fatores de risco da demência. Também fazemos visitas ao domicílio das pessoas com mais de 65 anos e a instituições, com a GNR. Aliás, a força de segurança também faz Operações Stop com o intuito de passar informação aos automobilistas”.
Ana Carrilho – Jornalista