05 Nov “Sinal de alarme social”. Cuidadores informais são já 1,4 milhões de pessoas
A esmagadora maioria dos portugueses (97,5%) defende que os cuidadores informais precisam de mais apoios do Estado.
A conclusão é de um estudo do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, apresentado esta quinta-feira no Encontro Nacional de Cuidadores Informais, por Florbela Borges, da Multidados Research Agency. O aumento de 800 mil para 1,4 milhões de pessoas nestas circunstâncias em Portugal, nos últimos dois anos, está relacionado com a pandemia e com a falta de respostas sociais.
Os 1800 portugueses que participaram no inquérito telefónico e online, entre os dias 17 e 27 de outubro, defendem que os cuidadores informais deviam receber mais apoio financeiro (85,5%), na prestação de cuidados (71%), laboral (68,5%), psicológico (64%) e legal (49%). O estudo permitiu ainda apurar que 52% dos inquiridos conhecem alguém que é cuidador informal, que 14% é e 14,5% já foi cuidador informal.
“Se em 2018 estimámos que 8% da população portuguesa era cuidadora (800 mil pessoas), agora os dados indicam uma quase duplicação desse valor”, alerta Bruno Alves, da direção do Eurocarers, em Bruxelas, e coordenador da Cuidadores Portugal, citado em comunicado de imprensa. “Tal leva-nos a questionar se a pandemia e a ausência de respostas sociais, o encerramento de centros de dia e as dificuldades vividas na acessibilidade e acompanhamento dos serviços de saúde não estarão na base deste aumento exponencial. Este é um sinal de alarme social”, defende.
Nesse sentido, Bruno Alves considera ser tempo de “agir rapidamente e operacionalizar ainda com mais celeridade o Estatuto do Cuidador e avançar igualmente noutras matérias, como a concertação social, para facilitar uma melhor conciliação trabalho e a prestação de cuidados, reforçar as respostas domiciliárias e institucionais, bem como medidas para melhor apoiar os cuidadores informais não principais”.
Membro da direção da Associação Nacional de Cuidadores Informais e da rede Europeia de Cuidadores Informais, Nélida Aguiar confirma que “o fecho de muitas respostas sociais e serviços deu lugar a que houvesse um aumento no número de pessoas que passaram a ser cuidadores a tempo inteiro“, muitas das quais em risco de pobreza e de exclusão social. “A pandemia deve ser a alavanca para uma maior rapidez na operacionalização das medidas de apoio, e não pode ser pretexto para os atrasos dos projetos-piloto”, aponta.
Durante a sessão de abertura do Encontro, o vereador da Câmara de Lisboa, Manuel Grilo, disse que a Autarquia também vai fazer um “grande estudo” para saber quantos cuidadores informais existem na cidade. “Sabemos que há 1,4 milhões em Portugal, mas queremos saber com mais precisão quantos temos em Lisboa”, explicou. A intenção é ajudar esta população através de programas de apoio.
O Dia do Cuidador Informal é assinalado esta quinta-feira ao longo do dia no Encontro Nacional dos Cuidadores Informais, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e que contará com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
FONTE: JN